Caminhando sem querer andar.
Deitando ali sem querer deitar.
Vivendo querendo matar
a ti mesmo como a todos
que falhou em amar.
Bagaço de energia.
Cansaço eremita.
Moleza do vento levando
sem perspectiva
todo o resto do dia.
Molenga, molengudo
como o pau de
um avô viúvo.
Mole,
alma no cofre.
Que o fumo bole,
que a brisa console,
as lombras controle.
Partiu então,
próxima estrofe.
Sem vitalidade,
folha murcha,
cuspe na boca de lobo.
Encosto querendo o troco
e o pouco que sobra
não dura pro almoço.
Peso do mundo pra tudo.
Sentimento sujo.
O sujo falando do imundo;
O melhor escudo é
a TV no mudo.
Peso do mundo pra nós
perdendo a nossa voz
numa gritaria coletiva
(e quem tá errado mais atira).
Peso do mundo em nós.
Deixaram a gente à sós
na solidão feroz
de uma rotina cinza.