sábado, 13 de fevereiro de 2021

APRUMANDO-SE PARA NINGUÉM

Sangrei meu rosto na tentativa
de aparar os fios teimosos
que saem dos poros obstruídos
do meu rosto.

Quero ser mais bonito
(sim, eu sei que é exagero;
sou lindo de nascença,
segundo mamãe).

Quero estar no naipe,
três de paus,
para quando a solidão me
oferecer uma lata de Malta
(apenas um real e setenta
centavos, fato histórico
para vocês do futuro. 
Quanto é a breja aí?).

Aprumar-se como pombo desnutrido,
e manco, e cheio de piolhos,
e catarrento.
Já disse que sou lindo.
Tô só porque é só que se escreve.
Tô só só, ("so so" em francês).
Mas eu deixo chuvas babarem
em meu corpo frequentemente,
quando a mente quer descanso
ou implodir.
Caso sério, relacionamento
à céu aberto. 

Amo a chuva,
mas ela é adepta do poliamor.
Bem... vida que segue.