segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

VAGANDO PELA QUEBRADA

Se meu bairro chorasse,
todo dia seria de chuva.
Sobe e desce calçadas de rascunho.
Vou andar por aí e
você tenta achar meus rastros.
Cada migalha e bituca.
Pense num desabrigo.
Pense que no centro
eles se acham iguais.
Duvido que eles pulem
poças de esgoto.
Pense que eles são
desconstruídos.
Aqui nem construíram ainda.
A quebrada parada come
seus próprios destroços.
Quando seu ônibus chegar,
não olhe pra trás.
Estarei procurando algo pra fazer
além de visitar a biqueira.
As pipas caíram por causa
da chuva.
Sobe e desce calçadas de rascunho.
Vou andar como se
houvesse pra onde ir.
E você apaga os
meus rastros.