domingo, 2 de fevereiro de 2020

QUE ACABE SEM EU PERCEBER

Que até lá, eu não sinta mais nada.
Que seja como
fim de férias.
Aviso prévio de um
trampo qualquer.
Um dia depois do pagamento.
Primeiro cigarro do maço.
Que acabe sem eu perceber.
Como injeção de febre-amarela.
Beijo de carnaval,
música de balada.
Pôr do sol numa segunda.
Juventude.
Que vá embora sem dizer
"tchau"
numa festa de 300 convidados.
Como a primeira latinha do fardo.
Um banho morno de outono.
Uma folha da
árvore do vizinho.
Que eu não perceba, não sinta,
não diga pra você ficar.
Não me faça perceber, sentir
ou dizer que tudo vai mudar.
Que até lá, eu esteja acostumado,
embriagado, longe das bombas.
Que já tenha acabado e
passado como o
último ano.
Caso contrário,
que nem comece.