domingo, 2 de fevereiro de 2020

CARALHO

É tanta coisa.
Não sei por onde começar.
Talvez pelo sentimento de que
é o fim do mundo
todo dia.
Já acabou. As rosas e
os girassóis morreram
de sede.
Eu fico sedento por mudanças,
mas a vida é maior
do que poemas,
sorrisos e lutas.
Caralho!
É tanta coisa.
Morrem queridos, morrem
do nada. Morrem e morrem
e continuarão morrendo.
Vida ausente do caralho.
Não paga a pensão,
abusa do corpo e
soca a cara dos frágeis.
Mas a culpa é de quem fica.
Fica de boas no seu
palácio central.
Assistindo de camarote o grito
da periferia em chamas.
Cidades inteiras na lama.
Doentes tomando centavos
nas veias.
Caralho!
Estão se matando!
CARALHO!
Eu nem sei por onde começar.
É tanta coisa acontecendo
de uma vez, e o mundo já acabou.
Estamos lutando pelos destroços
do futuro do país que nunca veio.
Ao invés de muros,
guilhotinas pra cortar
o mal pela cabeça.
Tá na hora dos reis caírem,
ou os peões continuarão
sendo executados
pelos bispos.