acendo mais um
numa desculpa de ser mais
um pouco menos eu
e peço mais uma
num gasto intragável
bebendo minhas dívidas
pra ser mais legal
menos normal
como todos
levanto deixando minha alma
sentada na cadeira
esperando que meu corpo
não brinque a brincadeira
de esquecer
o que nos cabe
o número da nossa mesa
e quando volto
foi todo mundo embora
cada um no seu mundo
gritando e chorando
palavras que não entendo
meios-sentimentos
funcionando num emendo
tão perigoso quanto
tudo o que está sendo
ao nosso redor
fico indo embora
e quando vou ainda fico
ensaiando as frases já ditas
na vergonha da ressaca
no nunca mais que daqui a pouco
quando o fundo do poço
estiver à beira
das conversas rasas.
pra encerrar a noite
eu me despeço
fecho a conta
e abro a porta
do quarto
com certa dificuldade.