sobrou uma faísca
de algo que ninguém precisa
e estão todos desesperados
para ter
ficou o passado de escanteio
do lado do medo, de joelhos
tentando se autoesquecer
chamou os seus amigos mais baratos
pra verem de graça o amanhecer
e os companheiros desamparados
preparam-se pra deixarem de ser
e eu sei
não é sua culpa
ser você
nem a minha
a ponta aponta o incerto
se gritar deixar de ser correto
mas se falar baixo
ninguém escuta
e nada muda
sobraram trocados suados
bolsos vazios copos calibrados
e almas no meio-fio
é assim que me enxergam
pelo vidro do copo
será que eu posso
me fumar aqui?
chamou os pesadelos mais pesados
como se o sonho fosse sorrir
enquanto dão risada por nada
segurando o choro para não cair
e eu sei
não é sua culpa
viver
nem a minha
a ponta aponta o incerto
uma piada levada à sério
ele subiu no palco
e ninguém aplaudiu
e nada muda
nunca muda
nada muda
nunca muda.