quarta-feira, 13 de novembro de 2024

POEMA FODA PRA CARALHO

meus dedos maltratam as teclas
tentando escrever
um poema foda pra caralho

enquanto minha cabeça
está em você
que não existe mais
no meu "nós"

você tá bem, eu sei
meus olhos espionaram
suas fotos
na praia

você tá bem, como todo mundo
todos menos eu
que discuto
com a página em branco
que me deve
um poema foda pra caralho

eu vou chegar aí
um dia
agora eu tô aqui
no meu dia
coçando meu corpo
numa alergia
de esquecer isso tudo

a bunda na cadeira
pega o formato da madeira
vou vestir calças quadradas
deste jeito

meus pulmões fumam
outro Rothmans Global
como se não respirassem
toda vez que perco o fôlego
nas ironias da vida

e minha boca beija
uma caipirinha
de suco Tang e Corote
patrocinada
pelos meus vícios
e pelos meus traumas

meus dedos salvam um poema
bêbado e demasiado alcoólatra
com tons ásperos
tão verdadeiros
quanto a língua de um gato
pedindo pra você abrir a porta
assim como você pediu
na última vez que você me viu

não sei se tenho
um poema foda
só tenho palavras
eu sempre só tive
palavras
pra dizer
o que sinto.