quinta-feira, 28 de outubro de 2021
O TOLO POETA
domingo, 24 de outubro de 2021
ERROS
sexta-feira, 22 de outubro de 2021
FERROADA
eu estava feliz
até uma abelha entrar no quarto,
olhar minha cara
e ir embora.
não sou suficiente
nem pra uma abelha.
fui atrás dela,
podia escutar o escárnio
nas flores,
enchia a cara de néctar
e ria da minha
barriga branca e
meus braços finos
e bolsos vazios.
fui atrás dela
com a fúria de uma
tempestade e
a encontrei com suas amigas
e elas nem perceberam
minha presença.
estavam todas preocupadas
com seus ferrões.
eu agradeci em pensamento.
a ferroada mais dolorida
é aquela que acontece
dentro da cabeça
e apenas lá.
quarta-feira, 20 de outubro de 2021
PROERD
escuta só esqueci o que ia dizer
é isso aí
é tanta merda que a gente atura
se segura que o trem das onze
veio buscar os
filhos únicos
não adianta sofrer
porque a vida vai te levar
você deixando ou não
não adianta disfarçar as evidências
porque quando a luz vermelha
tá na suas costas
o humilhado será humilhado
eu sei falar com gatos
subir em telhados
ficar no cio
cantando pra lua traidora
eu sei ficar chapado
e dizer não
pra muitas drogas
não todas
ora ora
ora por mim
vou apertar e vou acender agora
vou bolar e vou ascender
tá foda
já viu o mundo lá fora?
vai tudo pra cabeça
na mesma hora.
terça-feira, 19 de outubro de 2021
TERÇA BESTA
EM DEFESA DO AGORA
Numa chuva torrencial, surgiram goteiras por todos os cômodos. Um fio do poste se soltou na esquina. Qualquer um que passasse ali viraria o omelete que eu esqueci no fogo outro dia.
Então a luz acabou e a única coisa que me restou foi ficar sentado no chão ao lado de uma vela e viver o momento.
Essas palavras estão saindo do meu corpo. E eu quero que você preste atenção nisso: eu como a vida pra cagar poemas. Tudo o que faço (e irei fazer) é merda. Muita merda pra mim e pra você. E eu realmente gostaria que você sentisse o que tô sentindo agora. Essa energia fluindo pelo meu corpo e a alegria de perceber que o que existe tá aqui do lado de fora das nossas mentes. Não existe "eu". Existe um amontoado de átomos que formam o corpo que interage com outros átomos até o universo deixar de existir. E o fato da luz ter acabado, de eu ter ficado sem internet, daquela pessoa ter saído da sua vida, daquele pastel que te fodeu o estômago, daquele fora tomado, daquele boleto não pago...Nada disso conta no final. É sério, eu não consigo explicar com palavras. E se você quiser realmente apreciar o que está prestes a aparecer em frente aos seus olhos, você vai ter que deixar sua mente de lado e ser dominado pelo agora. Pronto?
Vai com calma na tarde.
A hora mágica reflete azul e violeta
sobre nossas peles e
tá tudo bem.
Nós ainda respiramos e
respiramos profundamente até
sentir o pelo do braço levantar.
Há certas coisas não ditas que
talvez nunca o sejam porque
foram feitas pra serem sentidas.
E não há possibilidades;
o poema é quem o lê.
Eu não posso fazer muito mais
do que estou fazendo agora.
Tá dentro de você e
isso precisa sair daí.
Precisa EXISTIR, e
não ser mais um vão pensamento
se perdendo num mar
de preocupações inúteis.
Nós ainda respiramos e
cada gota no ar
preenche meu corpo
como se o alimentasse e
desse um empurrãozinho
pra eu ser o melhor que posso ser
como filho da vida.
E eu não posso fazer muito mais
do que me unir a essa vibe
que faz você descer até o chão
com a bunda pro alto enquanto
eu faço a dança do robô.
A tarde sempre acaba
magnífica.
O violeta vira preto,
do jeito que tem que ser.
E tá tudo bem. Mesmo.
Basta fluir com
essa sensação,
essa exata sensação
de ser infinito enquanto dura.
Um brinde ao amor
de todo dia
que passa despercebido
quando não reparamos
que não somos melhores
do que uma simples gota
no vidro da janela.
segunda-feira, 18 de outubro de 2021
O QUE FAZER EM DIAS DE CHUVA?
Segunda-feira. Céu cinza, chão molhado. Não dá nem vontade de levantar da cama. Mas, se levanto, já procuro um meio de me livrar do tédio. Uma pena o tédio ser essa criatura de presas afiadíssimas, picando minha panturrilha sem querer largar o osso. Um bicho tão teimoso quanto quem vos fala.
Então a chuva continua. Aperta na hora do almoço (o que aconteceu antes?). Já não sei se espatifei a cara no fundo do poço, nem se há alguma forma de sair dele. Só sei que nele estou e a chuva veio me acompanhar.
Poderia aproveitar e limpar algumas coisas. Organizar o guarda-roupa, a gaveta de meias, os livros na estante. Dá até para mudar os móveis de lugar num almejo desesperado por mudanças. Talvez eu seja um imóvel.
Outra dica valiosa é olhar-se no espelho, no fundo das pupilas, e buscar o abismo que tanto encaramos. Escrever algumas palavras bonitas que não preenchem o estômago (amaria comer meus poemas).
Assim, espero ter ajudado a sobreviver aos terríveis ataques da mente quando se está preso na própria casa em dias de chuva.
quarta-feira, 13 de outubro de 2021
A LIBERTADORA DERROTA
terça-feira, 12 de outubro de 2021
CANETA
segunda-feira, 4 de outubro de 2021
SEGUNDA IMUNDA
Ah Segunda, sua imunda!
Volta e meia me aparece,
uma vez por semana,
de novo, de novo, de novo.
Parece amor do passado
passando
quando quer,
sem convites.
Tento te evitar,
pular pra próxima.
Mas ah, Segunda...
Já tá aí
expulsando meu domingo,
me acordando,
me enfiando no trem.
As rodas deslizando
sobre os trilhos e
minha testa deslizando
pra janela.
Nem engantei a primeira e
a semana já começa
na segunda.
Pego o embalo,
num estralo
tudo faz sentido;
mais uma volta
na corrida infinita.
Ah segunda, a mais querida
apenas quando acaba.