quarta-feira, 13 de outubro de 2021

A LIBERTADORA DERROTA

Adoro sentir-me ridículo. Quando coloco uma roupa que não combina ou quando corto o próprio cabelo caindo de bêbado. É uma sensação de derrota, e é a sensação mais libertadora de todas. Pronto, o jogo acabou, eu perdi e não preciso mais jogar. Posso ir embora, posso ficar. Posso fazer o que quiser. Dane-se. 

Sabe quando você leva um fora? Ou quando você termina um relacionamento, ou leva uma suspensão do trabalho? Sim, sim, parece um clique, o mundo fica diferente, as cores mais vibrantes, os passos mais leves. Sorrir torna-se uma genuína expressão de alegria, e não um hábito vazio, uma proteção contra o caos do cotidiano. 

Bem, tudo isso acontece depois do choque inicial. De primeira, dói. E pode doer muito. Pode até matar. Mas se você sobrevive, vem o Nirvana, um curto e ínfimo período de "Foda-se". Você já perdeu. Não precisa se esforçar mais, mentir pra si mesmo ou pros outros. Quem tá na lama tem a chance de se refrescar, assim como os porcos. E não venha me falar mal dos porcos; são seres super inteligentes e, com um limãozinho, super saborosos. 

Acredito que não fomos feitos para ganhar. Estamos aqui para jogar. E perder quando for pra perder. A derrota não só faz parte da vida como é também essencial. É como um aperitivo pra morte. Ah sim, sinto muito te dizer: podemos até vencer na vida, mas não podemos vencer DA vida. E, pra mim, vitória é aproveitar a viagem, seja lá o que isso signifique para a pessoa.

Então, quando você se sentir um perdedor, 
sente, 
relaxe, 
respire e 
aproveite a derrota.
Você nunca sabe quando terá a chance de perder novamente.