segunda-feira, 29 de março de 2021

FERIDAS ABERTAS

A gritaria das paredes
de quartos alheios
ecoam pelo asfalto
até o alto do meu travesseiro.

Tem sido dias difíceis.
Feridas abertas expostas
ao marasmo das mesmas horas.

Estas vozes riem como
se o mundo não estivesse
em colapso e
talvez não esteja mesmo,
é mente delicada
ardendo em paranoia.

Levanto, tomo um
copo d'água e fixo meus olhos
numa rabiola morta
no emaranhado de
cabos telefônicos.
Tintas queimadas pelo
sol poluído.

Às vezes todos estão
normais. Apenas eu
existo neste meio-estado
de vida.
E às vezes só eu
estou bem,
dissincronizado com
o planeta.

A gritaria finalmente acaba.
A última moto é empinada.
O último copo de uísque
com energético é jogado
na boca de lobo.
Então confiro se realmente
tranquei o portão.