O humor alterado do céu paulista,
chorando e ardendo
ao mesmo tempo.
Antes de poder ter
alguma idéia decente,
o grande Negro Lu
se aproxima e fala
em dialeto enrolado
algum caso
impossível de compreender.
Cambaleia, finge que vai e
fica.
Sentados na calçada,
espumando cevada,
os insanos do
São Pedro carregam-se
em carrinhos de mão.
Vozes amplificadas
assustam gatos machucados e
cadelas no cio.
Enquanto a noite azul
vira sombra, as teias
de fios emaranhados
caçam as
últimas pipas azaradas
do dia.
Eu acredito no caos
como acreditei em
tudo o que não era.
Acredito no que é bagunçado,
no desalinho dos
detalhes imperfeitos.
Na lua cheia fatiada
por nuvens densas.
Nas pessoas bêbadas e
sem rumo algum,
sem nenhuma garantia,
que estendem a mão
quando necessário;
o dever mal cumprido
dos anjos.
Agora tudo ficou quente e
distorcido,
desarmonia impura
limpando a sujeira
das expectativas ingênuas.
Carros empoeirados que
viram lama depois da chuva.
Barro que vira gente.
Gente que vira lixo.
Os deuses estão todos
entorpecidos,
jogando dados
e apostando nossas
vidas numa partida
de dominó.
Eu acredito no caos,
no simples caos,
no complexo c a o s
n o pu R o
C a O S