Escolhi ser um nada
porque aí eu poderia ser tudo
Virei a página em branco
que contempla o suor de Kerouac,
a solidão de Bukowski,
um uivo
um almoço nu
Algumas memórias póstumas
de um incidente em Antares
Sou aquele nada constrangendo um beijo
Um domingo, ou uma segunda-feira
Sou aquele vagabundo excluído,
o voto em branco da sociedade,
a ressaca que martela mentes vazias.
Eu gosto de ser um nada
porque decidi não escolher
e essa foi minha única opção
E sendo nada eu virei espaço
Agora estou pronto para preencher-me.