domingo, 20 de setembro de 2015

A AVENIDA É UMA CRIANÇA

O túnel se estendia por quilômetros abaixo da avenida,
o qual era um amontoado de luzes brancas
e vermelhas.
O som era de gente, de jazz,
de estilo e histórias.
Tudo coberto pelo manto negro da noite.
Como uma garota que faz uma cabana
com seu cobertor e brinca com uma lanterna.
Os postes eram a lanterna.
Os anúncios eram a lanterna.
Os cigarros eram a lanterna.
E as janelas, ao longe,
escondendo as histórias mais belas,
as famílias que dormem cedo e
os amigos que nem dormem.
O casal que se ama
encostado na parede do imponente shopping.
Os mendigos sentados, existindo.
E eu, vendo a arte nascer
de cada concreto
que forma esta paisagem.
Se a cidade é nossa pequena filha
que tipo de pai nós somos?