quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

UM BRINDE À PORRA DA SOLITUDE

um gole por você
desce mais doído
do que vidro

um gole por mim
é só mais um gole
quem bebe comigo
se bebe e me esquece
um pouco antes da ressaca

eu vou pra esses lugares
pra ver essas pessoas
meio que existindo
meio que cumprindo um papel
não sei quem é ator
e quem é personagem
eu piso no teatro
sozinho novamente
num monólogo fantástico
ecoando no palco
do meu crânio

até que as estrelas flutuem
no esquecimento coletivo
quem somos nós?
quem é você?
foda-se você.

um gole por mim
é o que mereço
sozinho novamente
sozinho
sozinho como meus espelhos
sozinho de novo