agora acabou-se.
já passou.
a coisa tá feita.
feia verdade
corre na veia do tempo.
é com tinta
que escrevemos
nossa história.
guarde a borracha
para as solas
do seu calçado.
ainda há de se gastá-lo
no áspero caminho
que te for empurrado.
se não quer este,
mudar para o outro
exige mais esforço.
e se for teimoso,
parar como uma bigorna
ao lado da pedra
é só um desperdício bobo
uma pausa separada
pra quem chora
mais por dentro
do que por fora.
eu choro os dois,
mas prefiro fazê-lo
silenciosamente
molhando os ácaros
no meu travesseiro.
mas agora acabou-se.
passou depressa
como todos os anos
que não lembro.