Um gole de café pra
vida acordar de mim.
Um xícara de coração palpitando
pupilas do mundo
dilatando no horizonte.
Um gole de café pra ser gente.
Gente que vive,
que pulsa,
que é e que vai ser
enquanto puder.
Café pra levantar
pra escrever
ler sorrir mentir
rir.
Rir como se fosse
a última piada da história.
Rir com o corpo inteiro,
maravilhoso corpo sustentando
o peso intangível de uma
alma fresca.
Alma nova, alma sempre nova,
alma eterna passeando
pela terra de finitudes.
Bebo café e tenho ansiedade.
Bebo um pouco
e me dá caganeira.
Não lembro o que almocei ontem.
A privada se lembra.
Dedos martelando as teclas
moldando poemas em frenesi.
O aroma do filtro, do pó,
da água.
O som dos pingos.
O café não para aqui,
não para ali,
não te deixa parado.
É energia de sobra vindo de uma fonte desconhecida,
do esconderijo do cérebro,
conexões egoístas que
somem quando preciso delas
(não com café).
Um gole de café
e a vida acorda pra mim.