Sem álcool, sem palavras,
inspirações esparsas.
O som da cidade
tem gosto de jazz.
Asfalto nos pés.
Melancolia até
a boca pedir caridade
prum combo de uísque sem maldade.
Sem álcool e com problemas.
O problema vira poema,
mas aí nada foi feito.
Tem que tá chapado de algum jeito.
O jeito perfeito é ficar em êxtase
sóbrio com o próprio universo.
Fico o dia todo desejando
a boca aguando uma gelada,
vento e nada, disputa acirrada
entre suco ou cachaça.
A noite chega intimando.
Meu corpo inteiro ansiando.
Bora beber? Vamo!
Eu gostaria que as noites na rua fossem mais tranquilas.
Queria uma noite de brisa.
Calma, coração, calma.
E cabeça, vê se para de ladainha.
Um verso pra cada vontade.
Eu peço outra realidade
inquieto e à parte.
Estão todos bêbados e à mim
resta a arte e a poeira dos livros.
Estão todos bêbados e
não consigo entendê-los.
Talvez nem eles mesmos.
Estão todos bêbados e eu
no desassossego,
tentando me livrar do apego
do refresco do álcool.
Mas tem que tá chapado de algum jeito.