É isso que eu quero.
Invejo as andorinhas.
Elas voam e
não percebem sua ausência,
nem sabem de si mesmas.
É isso que eu quero;
um poema natural.
Um poema tão natural
quanto o vento
e os pés pelados na grama
e o cogumelo se enfartando
de árvore morta.
O cogumelo devora a morte
como devoramos a vida.
É isso que eu quero.
Azul do céu.
O pensamento de nuvens.
Um poema natural.
Eu sinto sua falta.
Sinto muita sua falta
e é como se eu não pudesse
mais voar pra você.
As andorinhas ainda voam.
Seus filhotes almoçam os átomos
que pertencem à mim,
à você e à todos.
Invejo as andorinhas.
Invejo as flores.
Invejo a mata virgem
e o seu poema natural.
É isso que eu quero.
Um poema natural
e um abraço seu.
Bem apertado.
Me diz que tá tudo bem.
Me dá um abraço?