Algumas vezes eu tenho uma crise ou outra. Não importa muito do quê; só perceba que eu sou um cara normal, num planeta normal, numa existência normal. Geralmente quando eu travo, alguém aparece pra eu me apaixonar. Então surgem alguns poemas românticos, uns pensamentos bestas sobre sexo e aí eu espero até me decepcionar novamente. Vou pra rua, começo a observar mais as pessoas. Tento reparar no que elas têm que eu ainda não tenho. A primeira resposta é dinheiro. Entretanto ela se contradiz na maioria das vezes. Não, eu já tive muita grana (pelo menos pro que eu quero da vida), mas mesmo assim as pessoas sorriam de uma forma diferente da minha. E era sobre isso a nova leva de poemas: nossas diferenças.
Se você busca uma fórmula mágica pra escrever, então aqui está uma: sofra. O máximo que você puder. Depois ultrapasse isso. Geralmente não é muito difícil. Os sentimentos sairão verdadeiros, rasgando sua cabeça como estiletes enferrujados.
Só preciso te avisar que tudo passa. Uma hora não haverá motivos para escrever. Quando você não precisar dos poemas, você descobrirá se é esse o seu caminho. Pois se você consegue digitar um verso ostentando um sorriso, e mesmo assim esse verso presta pra alguma coisa, então pode seguir em frente sem pestanejar. É que tem muito viciado por aí. Viciado em costumes, em modas, no passageiro. Falam e escrevem como os mortos respiram. E há pouca vida na nossa cena, no nosso filme de rua.
Não seja só mais um. Tenha as suas crises. Supere-as e sinta orgulho disso. Ou sinta o que for; não importa enquanto você se expressar.