Você já se
confessou?
Eu me
confesso todos os dias
Nos abraços
Nos prédios
que olho
Nas mentiras
Minha
onisciência
É limitada
aos meus erros
Que eu apago
a cada trago
Tá tudo meio
borrado, sabe?
Tudo sujo,
uma grande mancha
Preta e sem
graça
Poderia ser
um poema,
Poderia
Sei fazer
belos borrões
Isso seria
arte
Seria vendida
por milhões de euros
Numa exposição
na Europa
“Confissões
de uma mancha”
Desculpa,
estou blasfemando
Ante a
escrita, minha pastora
E nada me
faltará
Quantos tragos,
senhor?
Quantos tragos
para
Pagar pelos
meus pecados?