sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

SOBRE ISTO EU NÃO QUERO FALAR

“Por que você não me ama?”

“Eu amo você.”

“Ama nada!”

Sim, ela estava certa. Eu não amava
Nada além das paredes e da cor preta.

“Até quando você vai continuar essa palhaçada?”

Iria continuar até ela se cansar de mim.
Todas se cansavam, só que com ela seria
Diferente.
Não iria tentar agradá-la com um “eu” que
Não existe.

“Eu sou isto daqui, mulher.
Sou minhas páginas em branco, minha
Ausência, meus pêlos na barriga,
Meus peidos embaixo das cobertas,
Minha folga, minha liberdade,
Minhas banhas.”

Ela me olhou.


Há quase um ano que ela não se cansa de mim.