trago o amargo
da falta do seu doce
e solto uma fumaça livre
daquelas que você nunca viu.
vou fumar mais uma história
dos maços passados.
marcas que me enojam
marcas que me matam.
já passou
mas ainda está aqui
no meu pulmão
como alcatrão e nicotina.
quantas substâncias tóxicas
haviam na nossa rotina?
quem vai me devolver os meses
que eu tentei parar
de você?
e o que vai me curar
do que inalei
respirando seus dias
nos meus
como se suas nuvens
fossem mais importantes
do que as minhas?
tá, já passou
mas nem tanto.
tão pouco.
tô pouco
tô louco
tô rouco;
pigarro de palavras não ditas.
espero que esteja bem
mas não tanto.
bem pouco.
um troco
que sobra nos bolsos
da calça suja.
fumo as incoerências
mais malditas e
aquela fita que não resolvemos.
a outra que talvez.
a outra no meio.
desvaneio na pausa de tudo.
sou dependente de mim.
hoje uso suas desculpas
como cinzeiro.
já passou, querido coração.
já passou, fodida maldição.