para eu estar aqui
com todos os meus átomos
vibrando o som
até suas orelhas
você não sabe quantas olheiras
tive de maquiar.
para evitar o desassosego
eu me esqueço
de afundar.
como um cão sem dono que late
pra sorte
deixar os ossos do cotidiano
na minha boca.
para respirar meus ares
e cantar minhas versões
no chuveiro
eu precisei sobreviver
ao que não pude.
e quando morri, ressucitei
só pra fazer chorar
quem riu
quando me apaguei.
você não sabe minha força.
minha simpatia é a luta
é a arte da defesa
meu grito de guerra.
essa é minha estratégia
o otimismo que tem pressa
de ver
um novo dia raiar.
muita cicatriz embaixo da pele
conta minha história
e como perdurei à ela
num lugar escondido e intocável
tem o mapa da trajetória
as marcas da derrota
que indicam
o xis da vitória.
para eu estar aqui
com todo o tempo-espaço que existi
tive de ser sempre mais.
você sabe a sua força.