a manhã acordou cotidiana
cinzeiro cheio logo cedo
as cinzas foram pro céu
e pras ruas.
às vezes sinto aquela dúvida
de quem se cansa:
é preciso existir hoje?
mas as contas preparam
os chicotes.
os donos da luz preparam
os cortes.
é minha sorte dar um gole
nesse café alegre.
o relógio que me leve
hoje quero um dia leve.
o peso nas costas eu rolo
colina acima toda hora.
preciso fazer greve.
é preciso fazer greve.
a situação é grave
minha mente tá uma bomba.
mas aí a gente se encontra
e as dores viram memória.
um brinde desconexo
o doce amargo da vitória.
um sorriso simples
que faz cafuné na alma.
somos mais que nossas rotinas.
dormiremos bem esta noite.
amém.