um mal-estar persistente
uma memória persistente
saudade grudada nas
paredes do peito.
tentei beber xarope.
soltei inseguranças na pia
e um pouco de desgaste
ralo abaixo.
o corpo luta
arde em febre e desejo.
o que eu quero o passado
tomou dos meus braços.
agora eu tusso quando
olho o espelho
quando caminho sozinho
quando é segunda-feira
quando o domingo morre
eu tusso em cima de tudo
contaminando pedaços de mim
com partes estranhas de mim
profundas e escondidas
desesperadas alcançando a
superfície da minha
pele carente.
miasma que cobra caro.
traímos nosso potencial
perdemos algo sem preço.
é alergia ao dia
ao mesmo dia de sempre
às mesmas conversas e
às mesmas histórias e
ao medo doloso.
um peso teimoso
que toda gente carrega.
mas agora usamos máscaras.
mal dá pra percerber
que estamos na mesma.