quarta-feira, 27 de abril de 2022

SEM PACIÊNCIA

Pra cara feia;
chega.
Dá um sorrisão,
uma esticada na coluna.
Balança a bunda.


O meu saco tá cheio de nada.
Esse nada que habita a gente
não consegue
sentir o cheiro das folhas.
Fica se remoendo à toa,
a vida parada
estancada
nas paredes da cabeça.

Só não desisti
porque desisti
de desistir.

É como se houvesse luz.
E há, mesmo fraquejando.
Pois ainda vejo
os olhos brilharem
algumas vezes por ano.

Não precisa acabar agora.
Não forcemos o inevitável.
Deixemos que a vida
faça seu trabalho.

Mas aí: tô sem paciência
para a morte.
Bora dar um pinote
e deixar a sorte
decidir se valeu a pena.
Certeza que já valeu.