quarta-feira, 13 de abril de 2022

A BEBIDA MAIS AMARGA

É uma pena que
a cerveja não encaixe
no espaço que você deixou.
Outro litro de solidão
despejado no copo entediado.
Não tenho mais o que dizer.
Só beber e beber e mijar.
Um Sísifo embriagado.
Escutando canções do passado.
Daquele que você fez parte.

Acho que não existe isso de
sinceridade carinhosa.

Quando não fazemos nada,
percebemos que não há muito
o que se fazer
numa segunda de asfalto.
E olhar pro espelho dói.
Dói porque falta um sorriso.
Dói porque o reflexo esqueceu quem sou.

É uma pena que
só me restou
a bebida mais amarga,
aquela que se bebe sozinho.