Na madrugada se pensa o dia
a vida
aquilo que se esvazia
enchendo a mente
de soluções inúteis.
É na madrugada que se dorme e
que não se dorme.
É nela que está
o que penso dos outros,
o que desejo dos outros e
a cobrança em mim.
Já tive crises de ansiedade,
crises de amor,
de embriaguez,
de tempo.
Na rua ela dura
duas vezes mais
do que na insônia.
Na véspera do compromisso
basta piscar o olho
para perder mais uma hora
de sono.
E é no espaço do silêncio
e no conforto mortal do escuro
(tão assustador mas ainda familiar)
que os olhos começam a pesar.
Um pixo na parede:
"Morfeu esteve aqui".