terça-feira, 29 de março de 2022

O CIGARRO NÃO ME FAZ FALTA, VOCÊ SIM

Mas eu prefiro voltar a fumar
do que voltar a você.

Nós viramos um verbo.
Entristecer-se, parecido.
Agora economizo tempo.

Os pulmões estragados
voltam como esponjas imbecis
respirando cinzas.

O cigarro não me faz falta,
você sim.

Mas só tremo quando te lembro.
Quando te choro.
Quando te esqueço.
Quanto te devo?

Nós viramos um passado.
Guerra, atraso.
Agora economizo morte.

O coração azulado
volta a bater sangue
nas paredes do corpo.
Pouco a pouco 
o ritmo volta.

O cigarro não me mata,
você talvez um pouco.