Um vício em organizar
um pouco do que o
tempo me recompensa.
Repetindo as ações
como inseto em natureza.
Nasci pra ser otário.
Vem a pergunta:
"Pra que isso,
se queimar tudo
é mais fácil?".
Agora eu morro,
no meio eu morro,
no fim eu morro
junto de meu encosto,
o troco fosco
à mim posto
por ser tosco.
Organizei minhas roupas
em ordem de cores.
Dias cinzas e
brisas infindas
serenando em cada
passo, cada lapso de
carência.
Eu tô carente pra porra.
Ninguém deve saber disso.
Os carentes são
devorados primeiro.
Ou esquecidos, ignorados.
Não nasci pra ser ignorado.
Repetindo ações,
entendendo que tudo isso
não passa, não disfarça,
piada sem graça.
Queimar tudo é
mais fácil.
Não nasci pra viver o fácil.
Só nasci pra ser otário.