Eu sou um dos maiores otimistas que conheço. Pode não parecer pelo jeito que me comunico através dos meus textos. Todos têm aquele gostinho de ódio, desilusão e abuso de álcool como sedativo. Não te culpo se você me acha um jovem ranzinza que não transa há tempos, pois há um pouco de verdade nessa opinião. É que esse meu lado reclamão é só superfície. Carapaça pra proteger o frágil inseto sonhador que reside no centro da minha mente. E por esperar o melhor de tudo, este mesmo inseto se decepciona uma vez após a outra. Eis que a carapaça surge; para não mostrar ao mundo que ainda tenho esperança. E muita esperança mesmo.
Estava andando pelo meu bairro e encontrei uma pequena praça secreta com banquetas e mesas de mármore. Escrito num pedaço de concreto no chão, estava os dizeres "Exclusivo dominó". Minha vila não chega a ser um exemplo de manutenção do patrimônio público, mas este pequeno lugar, limpo e conservado, construído com carinho pelo povo e para o povo... Bem, são nestas situações que meu otimismo almoça, janta e faz um lanchinho da madrugada. E mesmo que se destrua, que se vandalize; o importante é que construíram e que eu pude utilizar o espaço para beber uma latinha e escrever este desabafo.
Ao meu redor caem as folhas, silenciadas pelo som dos automóveis na avenida. Uma boa quinta-feira para se estar vivo. Uma pausa nas tragédias e desgostos e medos. O sol refletido no alumínio das janelas dos conjuntos habitacionais. E a paz que parece infinita ao mesmo tempo que preciosa e instantânea. Um sinal ao otimista de que realmente tudo ficará bem. Talvez já esteja. Pelo menos hoje, pelo menos agora. Sim, meu amigo, eu repito; é uma boa quinta-feira para se estar vivo. Uma boa quinta-feira.