segunda-feira, 31 de agosto de 2020

DOR

Horas de leito em
relógios preguiçosos
e DOR.
Dia de sol e DOR.
Uma hora DOR.
Chuva, neve, DOR.
E DOR, DOR, DOR.
Até soar como outra coisa.
Até não fazer mais sentido.
Até nos deixar em
estado deprimido.
Minha vizinha sempre
começa a gritar às
8 horas da manhã
e DOR.
Sou uma criatura
de nervos destruídos
e DOR.
Teimoso na arte,
contra a maré azarenta
e DOR.
E DÓI, DÓI, DÓI.
Até virar um rosto murcho.
Até que se acostume.
Até que não doa mais.
Sempre volta, entre tantas
outras voltas.
E volto o filme
envolto em DOR.
Uma película repetida
aos alfinetes sobre o músculo.
Minha vizinha grita como
uma briga de gatos de rua.
Ela não sabe que isso
me incomoda.
Tomo um analgésico.
Digo "não" para meus amigos.
Agora uma britadeira
martela o asfalto e DOR.
Já me cansei da DOR.
Já me cansei.
Já me cansei da DOR.
Já me cansei.
Já me cansei DELA.