Surpresa dispara, te para
na falha, fundo do poço.
Quem joga a corda, te acorda,
"vambora, segura aí mais um pouco"?
Vida em turbulência. Encrenca.
Te derruba e te arrebenta.
Ha! Sozinho cê não aguenta!
Solitude em ilha deserta
não leva a nada.
Robinson Crusoé montando
uma jangada porque
sabe que pra ser verdade
a felicidade tem que
ser compartilhada.
Tive muitas coleguices.
O número sobe com latas
tristes, roles esqueciveis,
ressacas invencíveis.
Colegas tem propósito:
primeiros socorros,
conselhos óbvios,
abraços ótimos.
Mas amizade eu conto nos dedos.
Pois foi no desespero, em pedaços,
que amigos me fizeram inteiro.
Já briguei várias vezes, ingratidão
fazendo festa na minha mente.
Já machuquei quem me cuidou,
me escutou, que me entende.
Mas essas pessoas insistiram,
sabiam meu valor
quando nem eu sabia e então
me ensinaram o que é amor.
Hoje, algumas delas tão distantes.
Bênçãos pra mim que seguiram
adiante.
A vida bifurca e todo presente vira
lembrança.
E num instante amigos vão.
Sentimento fica.
Tudo confuso sem pontuação
mas o baile segue,
a gente dança.
Brindando o tempo
enquanto ele avança.