Ao creme das nuvens uma
voz ecoa.
Pequenas patas esmagando amianto, buscando novos telhados.
Olhos teimosos.
Canto de um gato que não é meu.
Sussurro de porcelana
aos pés de uma montanha
de tijolos baianos.
Eu fico acordado.
Penso e não existo.
O impossível blasé caminhando
sobre meu quarto, gemendo
línguas de metal.
Cães começam a latir,
e o silêncio da madrugada
rasga-se em parcelas
até retornar vazio.
Eu fico acordado,
e o gato salta errado e
lambe o próprio cu.