Não quero que você pense
muito nisso.
Mas cada garoa que te
irrita, que estraga seu rolê,
é uma garoa a menos
na sua vida.
Não sei se os mortos
reclamam da chuva.
Talvez eles até sintam
inveja de nossas
meias encharcadas
por causa daquela poça
escondida no buraco
do asfalto.
Eu amava reclamar de tudo.
Mas a morte foi comendo
as pessoas ao meu redor e
logo eu percebi que cada
pequena bosta que a
vida despeja em cima da
gente, dá pra reciclar
num poema.
Com essa onda sustentável,
acho que é o melhor a
se fazer.
Chega de desperdiçar garoas.