Anda na chuva, e a capa
de seu violino molha.
Logo menos, as únicas
luzes serão as dos postes,
das vitrines e dos faróis.
Embaixo de um toldo,
as cordas começam
a chorar uma melodia,
a cidade escuta ao fundo,
as gotas caem em silêncio.
Algumas moedas caem
na capa molhada que jaz
aberta na calçada.
A mina tá de olhos
fechados.
Em outro canto, um
cara bate nos pratos e
o bumbo toca o peito
daqueles que estão no porão.
Numa esquina, outra garota
canta ópera. Um cara balança
um saco cheio de latas.
O metrô avisa a próxima
estação. Um grupo
brinda sua cerveja.
O violino é guardado com
carinho debaixo de
umas palavras, tão imortal
quanto um momento, e
agora os prédios apagam
suas luzes pra dar
uma chance ao sol.