Onde posso dormir quando já está
tarde demais?
Talvez num copo meio cheio de
vinho que, longe do tempo,
envelhece bonito.
E não há escolhas quando as
folhas já estão morrendo no
chão.
É solitário não saber o quão
difícil é ter asas
queimadas por lâmpadas fluorescentes.
E não há escolhas quando
decido me vingar do destino.
Como num conto de fadas
mentiroso que te esfrega
a verdade na cara.
Como num solo de bateria que
termina a canção.
Como num meio-estado de
felicidade numa estrada.
Estou perto de me distanciar,
de deixar pra lá e só
rolar como uma pedra numa
ladeira.
Vou me esquentar hoje com
a dose cruel de realidade e indiferença.
Isso até que a estação de trem
abra novamente para o
meu mundo particular.