Sabe essa mosca que você não tem certeza se é realmente uma mosca ou uma abelha? Pois bem, eu estava pensando no que escrever quando avistei uma criatura dessas tentando entrar pela janela do meu quarto. Minha janela tem uma tela de ferro improvisada para impedir que os gatos invadam meu quarto durante a tarde. Vou chamar a mosca de Isabela, só pra facilitar.
Ela parecia perigosa, e eu fiquei assustado com as suas intenções. Por sorte eu fumava um cigarro roubado; barofei em cima dela, para afungentá-la. Mas a Isabela simplesmente pousou na tela da janela e ficou alí, tragando o cigarro junto comigo. Não havia inseticida, então tive de improvisar. Borrifei o pior dos meus perfumes, mas ela não se mexeu. Tirei minha camiseta e bati na tela; a Isabela apenas se esquivou e voltou para onde estava. Maldita insistência!
Tentei, em um ato desesperado, jogar minha cerveja em cima dela, o que foi inútil. Parecia até que ela estava gostando daquilo. Ela gostou do meu cigarro, do meu perfume e da minha cerveja; isso já era muito mais do que a última pessoa que eu tentei conquistar. Quando vi, eu não queria mais que ela fosse embora. A gente tinha os mesmos gostos, a mesma esperança miserável.
Perguntei como ela estava e ela respondeu que tudo caminhava bem. Demos boas risadas. Ela me ajudou com este texto, e com diversos outros. Minha doce Isabela tinha asas mas escolheu pousar em mim. E eu a amei por isso. Minha solidão gostou da solidão dela.
Foi então que uma outra mosca apareceu. Acho que era um zangão. Ele era bem maior do que a Isabela, mas quase idêntico. Ele pousou na tela da janela, ao lado da minha mosca. Ela olhou para mim, bateu as asas e apontou seu pseudo-ferrão pro meu rosto. Estava brava com o que eu era, com a minha indecência, com a babaquice, com o meu amor.
O zangão a levou para longe, para outro estado; da Isabela só restaram os textos e as lembranças de um afeto...e...
Merda! Eu não consigo concluir essa história!