quarta-feira, 5 de abril de 2017

A FANTÁSTICA ARTE DE NÃO SENTIR NADA

Eu falo muito sozinho.
A diferença é que eu
anoto essas conversas e
as chamo de "poemas".
Como daquela vez que fulano
olhou os gatos brincarem com
o fio do telefone.
Ele não sentiu nada.
Há tempos não sentia nada.
Estava vedado pela ansiedade,
por pensar demais.
Batiam palmas no seu portão e
ele não atendeu.
Qual é o melhor remédio?
Palavras repetidas?
Ele pensou e pensou e pensou.
Não chegou em nenhuma conclusão;
já estava na hora de voltar ao
trabalho.