tatuo minhas resistências
e pertinências
com a indecência da vida
sou de fato minha crença
divino eu sagrado
ao amparo de mim
já sobrevivi meus maiores saltos
e levantei nas minhas piores quedas
porque meu peito tem pressa
de bater sangue nas veias
enquanto ainda há pulso
no silêncio das noites de barulho
eu me escuto
numa voz doce dizendo a brisa amarga
eu já briguei muito com o espelho
sussurrou nos meus ouvidos
cacos inseguros de vidro
reflito e me demito
dessa obrigação de me encaixar
onde tenho que me apertar
eu livre
batendo asa na cara do acaso
pois veja só
já voei todos os meus infernos até agora
queimando algumas penas
mas sempre em frente
como há de ser.