agradeço
às versões anteriores
que apesar das minhas dores
não pegaram minhas coisas
e fugiram de mim.
tenho apreço
à construção dos meus valores
o processo é tortuoso
sentir na pele e mesmo assim
carregar por aí
um grande e remendado SIM.
eu sei que já falhei.
em terra de bêbado
quem tá sóbrio é rei.
eu não sou da realeza
mas até que me reino bem.
eu fiz o que pude
com as ferramentas que eu tinha
com as cartas que me foram dadas
com uma caneta estourada
e entrelinhas.
não foi perfeito
mas não podia ser
de outro jeito.
agora pode.
só agora posso.
agora que desenrosco
a corda dos meus pulsos
e pernas
e pescoço.
agradeço.
obrigado à mim
à teimosia humana
aos músculos que carregam
pesos intangíveis.
continuarei a me escrever
em versos suturados
e quem sabe ser louco o suficiente
pra dizer
que sou feliz.