dias nublados
ainda são dias.
anotei isso na parede
do meu crânio.
tive de me arrastar por algumas
tempestades.
acho que quase ninguém viu
minha dores, só meus machucados.
o que não mata, fere.
a força eu já tinha.
tá no modo de se ver a vida;
um raro presente mal embrulhado.
eu vivi o que tinha de viver
e talvez já não esteja mais aqui
quem eu queria que estivesse.
os caminhos bifurcam
e às vezes se cruzam
às vezes se esquecem.
tive de aprender a dizer adeus
mesmo o peito já sabendo soletrá-lo.
tive de parar e apreciar
o pequeno espetáculo
dos detalhes semi-visíveis.
gostar do pouco
pra ser digno de muito.
hoje eu brindo com meus amigos.
achamos este lugar bem legal
onde o goró não é tão caro
e o atendimento até que presta.
eu te passaria o endereço
mas você não me encontraria.
você nem conseguiria me enxergar.
estou em outra perspectiva.