até o estoque acabar
eu vou ficar vendendo
à garganta rachada
no meio de infinitos punhados
de gente isolada.
vendo meu tempo.
vendo meus sonhos.
vendo meus amores.
promoção aos erros.
vendo tudo isso acontecer
e só bebericando
a água benta
que vendem na TV.
até o estoque acabar
e meu estômago queimar
minhas lembranças do que eu era
contigo.
porque agora eu sou o quê?
dedos rastejando até
o próximo prazer?
vendo meu inútil
o que minha família não quis saber.
vendo as medalhas
que falhei em merecer.
eu vendo minhas falhas
preço justo
só porque é você.
mas se não fosse também
foda-se você.
até o estoque acabar.
queimando combustível alcoólico
ligando e esquentando no frio
de um espaço grande demais
pra caber um espírito em fios.
vendo, já sabe onde colar.
vivendo.
uma proposta difícil de negar.
até onde durar os estoques.
uma pilha de merda
que alguma loucura vai comprar.