a noite permite
o que é proibido de dia.
chega de proibir-me;
vestirei minha sombra.
a madrugada conduz a aula.
somos todos alunos.
nossas línguas nacionais
se comunicam ao toque
na rua Peixoto Gomide.
minha imperfeição veste preto
sangra vermelho
dança o rolê inteiro.
estou melhor que ontem
sedento por hoje.
faço um corre de Corotes
ervas finas
finos com erva.
onde já esteve a sobriedade
resta apenas barulho
um bagulho que sorri pro poste.
estudo meus desejos.
escuto sem freios
canções noturnas
rabas de neón
e uma insanidade devassa
que leva a massa
de um lugar
a lugar algum.
encontre-me num banheiro sujo.
vamos aprender a amar
enquanto nos esperam na fila.
a alvorada ensina:
uma noite à mais
é tudo o que precisamos.
venha anoitecer comigo.