Perto de uma biqueira, na curva dos sonhos desfeitos, havia uma galinha e um pintinho bicando o asfalto.
Já havia andado para todos os lugares possíveis, buscando algo em que acreditar. Ou uma brisa nova que me levasse pra longe de mim. Mas lá estava o campinho de barro vazio, os prédios descamados e
a galinha vermelha e o pintinho desviando dos carros.
Era amor de mãe.
Era amor de mãe vindo de um pré-alimento.
Um bicho que seria oferecido
numa esquina qualquer
amava seu filhote com
todas as penas.
Tive de parar, observar e absorver.
A galinha me encarou e pediu trocados.
O traficante se aproximou, “é verde, parça?”.
A ladeira não levava a lugar algum, mas o céu estava rosa e magnífico naquele fim de tarde.