De barriga exposta pros anjos,
ele deita na calçada
da rua mais podre
de São Paulo.
Coça o rabo, levanta,
vai até o lixo e
arranja um copo.
Na outra calçada,
observo seus passos.
Tô enfiando Corote
goela abaixo.
É óbvio que ele vai
me pedir um gole.
Mantemos contato visual.
Ele vem na minha direção.
"Essa porra mata", ele diz.
Passa direto, de copo vazio.
Vai embora.
Acho que tá bom
por hoje.