na frigideira gordurosa.
Despejei a mistura na pia.
A espuma leitosa e
a água de ferrugem
formaram uma espiral,
dançando com os
restos de arroz e
lixo.
A galáxia se formando ali,
cada bolha era uma estrela e
bolhas menores eram planetas.
Fiquei uns bons
minutos observando
tudo se desfazer
no ralo.
Mãos ensaboadas,
petrificadas no ar.
Olhos girando e girando
no sorriso do universo.
Um veículo, apenas.
Somos apenas um veículo
para tudo o que existe.
A consciência do que
sempre houve e sempre
haverá.
Não há lições, promessas e
decepções.
Apenas pare, por um momento.
Não precisamos de muito.
Nunca precisamos.
E meu amor por você
é como o movimento
das estrelas.
Tão quieto de longe,
numa noite de céu limpo,
astros maiores do que
nosso jogo se amam
pelo espaço entre eles.
Uma pena que só a gente
consiga ver, e por tão
pouco tempo.