quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

JOGAR CONVERSA FORA

Os olhos falam todas as línguas.
Os meus dizem aos seus,
nos passos ansiosos da avenida,
que eu quero te botar
num poema.
Gosto de ver que você
me viu também.
E o meu dia estava tão esquisito.
Já se fora quase um maço e
ainda nem é noite.
Mas nesse momento,
nessa conversa que
só a gente sabe que existe,
sinto que eu posso ficar sóbrio.
Sóbrio pra degustar tudo
o que poderia ser nós dois.
Pena que, porra, cê tá subindo
e eu descendo.
E ninguém teve coragem
pra falar com o corpo inteiro.
Jogamos a conversa fora,
os olhares se perdendo,
espalhados pela calçada.