Os olhos falam todas as línguas.
Os meus dizem aos seus,
nos passos ansiosos da avenida,
que eu quero te botar
num poema.
Gosto de ver que você
me viu também.
E o meu dia estava tão esquisito.
Já se fora quase um maço e
ainda nem é noite.
Mas nesse momento,
nessa conversa que
só a gente sabe que existe,
sinto que eu posso ficar sóbrio.
Sóbrio pra degustar tudo
o que poderia ser nós dois.
Pena que, porra, cê tá subindo
e eu descendo.
E ninguém teve coragem
pra falar com o corpo inteiro.
Jogamos a conversa fora,
os olhares se perdendo,
espalhados pela calçada.