Meu rosto na cama,
minha face estica
pelo banho apressado e o café amargo.
Meu rosto no trem,
minha face, preguiça.
Várias almas nessa barca
trocando moedas pela vida.
Meu corpo na rua,
minha face postiça.
Sorrio pra que não me perguntem
se realmente tá tudo bem.
Minha coluna no bar,
minha face embebida
de cervejas que esqueço
nas falas iguais da mentira.
Meu resto na balada,
minha face escurecida
pelo som abafado dos gritos,
dos beijos e da nossa saída.
Meu nada na sua cama,
minha face em dívida
com minha promessa de inovação.
Mas este jogo a minha mesma expressão
já cansou de jogar.